Sunday, September 10, 2006

Harpia




Por ti mato os filhos dos Homens…

tu que me fazes viver as fúrias,
que me dás as ganas e os fernezins da batalha,
que me curas as feridas, só, para poder voltar à carga,
uma vez, e outra e outra vez mais…
e me amas no regresso, com fria simetria
e eu como um fiel cão, agradeço o perdão,
não percebendo nem o fim nem os meios dos teus desígnios para mim…

Semeias a guerra no meu peito e ela amarinha pelos meus braços,
sou como uma ferramenta, uma extensão de ti própria,
como a que usas para carpir as peles que te levo,
para cortar a carne que te dou para alimentar tua prol…

Serves-te de teu servo sabendo que, só, para isso ele serve,
e de consciência pura me entregas missão após missão,
fazendo-me acreditar que é respeito o que na verdade é só confiança.

Disseram-me que haviam muitas de vós, que antigamente eram mais que muitas,
Como pode isso ser se ainda existem Homens? Ou seriam os homens desse tempo de uma outra fibra mais resistente que a minha?... não sei! Sei que acho difícil os Homens sobreviverem a uma Harpia que seja…

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